Passa ano, muda treinador, mas os vexames do Inter seguem sendo os mesmos

 

O elenco do Inter colocou mais um vexame na conta (Foto: Divulgação/SCI)

O que o torcedor do Inter mais temia, aconteceu: o clube gaúcho foi eliminado nas quartas de final da Copa Sul-Americana, nos pênaltis, pelo Melgar, do Peru. Com mais um vexame, o ano do Internacional se encerra mais uma vez na metade da temporada, já que as expectativas para o restante do ano, são extremamente pessimistas.

Quando Medina foi demitido e veio Mano Menezes, me mostrei contra a vinda do treinador, devido aos seus últimos trabalhos, que foram ruins. Só que Mano fez o simples e ajeitou o time, tanto que ficou invicto nos primeiros 14 jogos. Muitos torcedores se iludiram, achando que o técnico seria a solução para o Inter. Se uns estavam empolgados, eu estava cético.

Depois da primeira derrota, um jogo inexplicável contra o Botafogo, o Inter teve alguns poucos momentos de brilho. Podemos lembrar da vitória de 3 a 0 sobre o Atlético Mineiro – apesar que só o primeiro tempo foi bom -, e a remontada épica contra o Colo Colo, em que o time reverteu um 3 a 0 e virou para 4 a 1 no placar agregado. Até na derrota para o Palmeiras, teve alguns pontos positivos.

O filme que passamos a ver, lembra muito o período em que Odair Hellmann passou por aqui. Dentro do Beira-Rio, é um time forte e longe dos seus domínios, é dominado pelo adversário. Se não bastasse isso, seguimos repetindo os mesmos erros do passado.

Nos últimos anos, já passaram diversos treinadores e os mesmos erros seguem sendo cometidos e o roteiro se repete. Na véspera de jogos importantes, decide poupar todo mundo pelo Brasileirão, perde e chega com força máxima para o duelo importante e consegue ser eliminado, vide o que aconteceu em 2021, quando caiu para o Olímpia nos pênaltis, pela Libertadores.

A situação financeira do Inter é desfavorável, e em um dos poucos elogios que é possível para a atual diretoria, foi a criatividade para trazer reforços que não estavam em grandes centros: Vitão, Carlos de Pena, Wanderson, Pedro Henrique e Alemão. Todos elevaram o nível do time após a demissão do Medina e por isso, tivemos uma boa sequência de resultados.

A tal renovação que sempre foi pauta entre os torcedores, aconteceu, mas de maneira lenta. Jogadores que estavam com a imagem desgastada, começaram o ano: Cuesta, Moisés, Dourado e Edenilson. Com exceção do último, todos já saíram. Talvez Edenilson é o cara que deveria ter saído primeiro, já que são seis anos no clube, sem conquistar títulos, além de fugir dos momentos decisivos.

O camisa 8, junto com Taison, são os grandes líderes do elenco e uma das coisas que mais irrita, é que após cada vexame, esses nomes não aparecem, sobrando para algum jogador aleatório justificar cada derrota. Depois da queda para o Globo na Copa do Brasil, foi Gabriel a falar e depois da eliminação para o Melgar, Wanderson que deu a cara a tapa.

Quando voltou para casa, Taison assumiu a 10, que era de D’Alessandro, a torcida entrou em êxtase, por ser um ídolo e ter recusado propostas de outros clubes. Só que o meia, além de ter entregado pouco, vive no departamento médico, o jogador ainda foi pivô de uma polêmica, sendo o “líder” de uma greve no elenco, exigindo o pagamento dos direitos de imagens, que estavam atrasados. Depois disso, também passou a ser constantemente criticado e vaiado durante os jogos.

No jogo contra o Melgar, Edenilson, como sempre, sumiu do jogo. Taison entrou no segundo tempo, na vaga de Alan Patrick, fez a sua pior partida desde que retornou ao Beira-Rio, errando simplesmente tudo que tentou. Nas penalidades, o roteiro era mais do que previsível, com os dois jogadores errando suas penalidades. A cobrança de Edenilson, foi de uma inadimplência absurda, carimbando o lado onde iria bater. A de Taison, talvez tenha sido mais mérito do goleiro mesmo.

Depois de uma eliminação, tornou-se de praxe o discurso de conformidade. Aceitar a derrota, virou algo normal, jogadores exaltando a força de um elenco, que nunca levantou uma taça e, que no Brasileirão, é o momento de dar a volta por cima e reconquistar a confiança da torcida.

A renovação de Mano Menezes já estava alinhavada para ser anunciada após o jogo contra o Melgar. Com a eliminação e a queda de rendimento da equipe, talvez este anúncio seja adiado. Mesmo assim, acredito que Mano deva permanecer no comando técnico, até pelo fato de que as apostas que o presidente fez para a casamata, foram todas equivocadas. Precisou recorrer a um nome da velha guarda, para, aí sim, o time passar a apresentar uma melhora de desempenho.

E por mais que Mano passe a ser muito questionado após a eliminação, talvez ele seja o menor dos culpados, já que o DNA perdedor tomou conta do clube, e uma pessoa só, não tem como mudar isso. O elenco, com muita boa vontade, é para brigar por uma vaga na Libertadores. Caso isso realmente aconteça, será o grande título da temporada.

Na minha visão de torcedor, sendo bem sincero, acho que até uma vaga na Libertadores seria difícil. Palmeiras e Flamengo estão muito à frente dos demais times. Cuca está recomeçando um trabalho no Atlético Mineiro e logo mais, as coisas devem entrar nos trilhos. Corinthians, Fluminense e Athletico Paranaense também estão com trabalhos muito mais sólidos. Outras equipes que estão abaixo, mesmo que não sejam tão confiáveis, podem bater de frente com o Inter, como Bragantino, Santos ou São Paulo. Se no ano passado ficamos em 12° lugar, não vejo o cenário ser tão diferente ao final desta temporada. 

Como diz o título do texto, pode mudar o presidente, podem passar diversos técnicos, mas a mentalidade segue a mesma. Enquanto a mentalidade de todos que comandam o clube for essa, continuaremos a estar acostumados com os fracassos e normalizar os insucessos.